segunda-feira, 13 de junho de 2011

as insónias contam histórias (...)

(Uma história, apenas uma história.)

- Tenho medo!
- Medo de quê?
- De sentir...
- De sentir?
- Sim, de sentir!...
- Explica-te! Tens medo de sentir o quê? Porquê?
- Tenho medo de sentir... Sentir amor, sentir felicidade, sentir medo... de sentir porra!
- Mas porquê? O que se passa contigo?
- Eu passei sete meses, tu sabes, a não sentir, a não pensar, a não fazer, a... não se eu! E agora tenho medo.
- Porquê? Porquê que o fizeste? Porquê que deixaste essa criatura apoderar-se da tua mente e do teu corpo?
- Eu... amava-o! Quando amo, tu sabes, deixo de ser eu. Não sei o que faço, o que digo, o que sou, quem sou ou para onde vou. É como se estivesse adormecida, num tipo de coma qualquer.
- E agora? Estás aí, desfeita, feita num farrapo, por dentro e por fora. Com medo de tudo e de todos.
- Eu não quero voltar a sentir, não deixes, por favor! Ele vai-se embora, de uma forma diferente do outro, mas vai... e não sente o mesmo que eu! E eu? O que sinto eu? Não sei e, estou aterrorizada, à dias que não consigo pensar e sinto um aperto, um mau estar. Eu não quero isto, não deixes, peço-te!
- O que queres agora? Eu avisei-te! Tu sentes demasiado, eu disse para teres cuidado com a forma como sentias, e com a intensidade com que amavas, mas nunca me dás ouvidos. Ainda assim, tu és mais forte do que julgas e vais conseguir auto-disciplinar-te.
- Ele é... ele vai-se embora, eu não quero! Eu não sei o que sinto e tenho medo. Eu não sei o que ele sente e tenho ainda mais medo. E por favor não voltes a dizer: Eu avisei-te! Faz-me sentir a pessoa mais ridícula à face da terra.
- Já não sei o que te fazer, nem que te dizer, mas não tenhas medo, o que tiver de ser será e só arriscando vais deixar de ser esse Ser cheio de medos em que te tornaste. Apenas tens de aprender a sentir. Não te esqueças: Não deixes morrer dentro de ti, aquilo que sempre foste!
(...)


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